19/01/08

Abundância vs Autonomia

Este tema tem estado na minhas últimas reflexões.
Pedimos a manifestação da abundância, em todos os aspectos da nossa vida: pedimos companheiros de jornada, amantes, maridos/mulheres, amigos, uma carreira de sucesso, estabilidade financeira, saúde e beleza, reconhecimento pessoal e social. Enfim, tudo.
E de facto, temos toda a razão, pois a abundância total é um fluxo inerente a todo e cada ser humano. É algo, a que temos, intrinsecamente, direito enquanto pessoas desde que nascemos.
No entanto, continuamos a sentir diferentes formas e graus de privações para além de vazios imensos. A nível colectivo, o quadro é o que vemos, tão astutamente explorado pelos meios de comunicação social: a degradação, a humilhação, a fome, a ausência de um "lar", vemos a solidão e os sem-abrigo multiplicarem-se, num quadro de miséria humana que eu, como membro do grupo dos humanos, considero também minha. O meu coração chora, a minha alma sofre, a minha mente revolta-se.
E depois aparecem livros "fantásticos", com fórmulas verdadeiramente milagrosas (sobretudo para os autores que passaram de humildes desconhecidos e ilustres conhecidos) e que dissertam sobre a abundância, ou melhor, como a "atrair". E conforme versam esses livros (e há muitos) e como último exemplo temos o "Segredo", seria suficiente pedir ao Universo para que toda a Abundância se derramasse na nossa vida. A realidade é outra: fartamo-nos de pedir, mas aquilo que a nossa realidade nos mostra, mesmo, é algo completamente diferente.
Então o que é que falhou na fórmula? O que é que faz que com que a Abundância não flua, límpida e forte, como um rio amplo e tranquilo?
O meu cérebro hoje "epifanou-se". Se eu peço algo ao Universo, é natural que a Fonte Suprema me devolva tudo o que eu peço. Se considerarmos a Abundância como um líquido, e a nossa vida como a taça, podem apresentar-se então duas situações: primeiro, a taça está demasiado suja e cheia (de conceitos, bloqueios, padrões de comportamento tipo "eu não mereço") e o Universo, perfeito, diz-nos para avançarmos na limpeza determinadamente propondo-nos verdadeiras situações de cura. A segunda é a taça ter tantas ramificações que nela, à semelhança de inúmeros furos, qualquer líquido depressa se escoaria. E porque o Universo é sublime, a Abundância espera até que a taça se recomponha.
De uma forma concreta, ou eu tenho tanta coisa para resolver que não me dou tempo e reconhecimento, ou tenho muitos vínculos de dependência. Ambas as situações me impedem de viver a Abundância.
Concluo então que, antes de receber completamente aquilo que peço, talvez não seja mal pensado verificar no meu interior se me considero merecedora, digna e capaz de gerir (a nível físico, emocional, mental e espiritual) um fluxo que é infinito e interminável (pois a partir daqui não existem desculpas para os padrões de victima, de salvador) e, sobretudo, tornar-me inequivocamente, autónoma. Principalmente, desses ditos padrões.
Limpar a "casa" é preciso, e deitar fora o que já não serve, para que outras coisas venham até mim, de uma forma natural e abundantemente.
Carpe Diem!

3 comentários:

Anónimo disse...

AHA! Então é isso. Viva o Shivazinho destruídor dentro de nós, que nos arruma a casa e despeja gavetas com o que já não interessa para que a Abundância possa enchê-las de novo com o que tanto pedimos. :)

(fez-se luz aqui dentro!)

Anónimo disse...

Caraças, ainda bem que isto está aqui escrito.

Já me tinha esquecido...

Que tal uma mãozinha para despejar a minha Taça um dia destes? :S

Nuno Martins disse...

Concordo plenamente! Por mim despejava tudo JÀ! Mas não posso... não devo... tenho de "me" respeitar e deixar fluir tudo... sim, fluir!... como um suspiro.

Bjinho grande!