07/01/08

Sexualidade(s)

Enquanto "trabalho" seriamente no esclarecimento dos diferentes patamares, apetências e exigências da minha sexualidade, confronto-me com diferentes de discursos sobre o tema. E apercebo-me que cheguei a esta idade, perfeita e completamente ignorante quanto ao modus operandi sexual das minhas congéneres.
Explico melhor. Compreendi a validade do seguinte, para a maioria das mulheres :
1 - Que o tamanho do orgão masculino é uma coisa importante, sendo apreciado (dito escolhido) à semelhança de um salmão que se pretenda servir num jantar qualquer;
2 - Que a manifestação de ciúmes, assim como a sua intensidade, por parte do parceiro é directamente proporcional ao amor sentido pelo mesmo;
3 - Que é normal entrar em crises de apneia (e demais sintomas agúdos), mesmo em completa ausência de batimentos cardíacos, nos dois segundos seguintes ao primeiro beijo molhado;
4 - Que convém telefonar muito, perguntar muito, pestanejar muito, suspirar muito, não vá o "bicho" volatizar-se do nosso universo, tele-transportando-se para outro paraíso feminino qualquer;
5 - Que é NORMAL beber bastante álcool (e outros coadjuvantes), sobretudo no primeiro encontro, para quebrar o gelo e nos abandonarmos ao romance (?!?!) (não vá estarmos suficientemente lúcidas, e aceitarmos calmamente que não é bem naquele porsche que gostariamos de dar uma voltinha (sobretudo se for o caso de gostarmos de todo-o-terreno!));
6 - Que se a criatura não avançar, rápida e inequivocamente para o campo de batalha, é porque não serve (isto nos dias que seguem o primeiro encontro, claro!);
7 - Que o ninho de amor é verdadeiramente um campo de batalha e guerra de poderes!
E todo um desfiar de estranhos comportamentos, códigos e protocolos dignos de relevância social.
Afinal, em que planeta, sistema solar, galáxia, tenho eu vivido?
Eu, que sempre achei que os genitais dos homens da minha vida, eram perfeitos e perfeitamente equilibrados com o resto dando-lhes uma importância relativa, e sobretudo porque para mim a Arte do Amor implica outras outras áreas do corpo, assim como só se torna uma arte, quando em cada relacionamente se entrega ao casal o respeito, a liberdade e o tempo para que a dança se desenvolva e se revele.
E falar, de que forma nós, mulheres, consideramos os homens, o peso e excesso de responsabilidade que, cruelmente, lhes colocamos em cima de tão pequenina área. E, sobretudo, de que forma nos consideramos ao ponto de mantermos relacionamentos estruturados nesta desigualdade e desiquilibrio.
Talvez valesse a pena deixá-los falarem um pouco, cortejarem e seduzirem um pouco. Talvez, desta forma compreendessemos que a massa encefálica do homem, afinal, não se situa abaixo da linha da cintura. Talvez valesse a pena deixarmo-nos surpreender pelo principe que temos à nossa frente. Talvez só nos conseguiremos sentir princesas se aceitarmos os principes da nossa vida. Para além daqueles centímetros...
Sim, vivendo e aprendendo.

1 comentário:

Dartabittcho disse...

E como medir em centímetros aquilo que não cabe em nenhuma medida do mundo?

O fogo, a paixão e a tesão são afrodisíacos de curta duração, caso não se consiga encontrar no seu proprietario nada mais do que 22 bem aviados centímetros.

Esquecemo-nos de olhar nos olhos do outro, de aceitar destaparmos a nossa nudez interior (já que damos gratuitamente a exterior)e reconhecer a nudez do outro; reconhecer os cantos do corpo onde o nosso próprio corpo encaixa, o conforto do suor, do cheiro e da pele, num exercício de respeito e puro reconhecimento. Merecimento. Respeito. Dádiva. Não vou romantizar o que não é romantizável.

Sexo é a máxima expressão da nossa animalidade.Somos garras e rugidos, feras e feridos, caçadores e caçados nesta dança do sexo. Mas e quando este acaba? Será que medimos o olhar, o sorriso, as palavras, o carinho, o peso do outro? e se sim, será que nos satisfazemos só com 22 cm?